Dizem que o bom Design está associado com affordance. Mas o que é isso? E o que affordance tem a ver com o cérebro humano?

Affordance basicamente é a relação entre as propriedades de um objeto e as capacidades do usuário que determina como o objeto pode ser utilizado. Isso quer dizer que affordance não é uma propriedade do objeto em si, mas é definida a partir de como o usuário (sua história, experiência e estado psicológico) interage com a coisa.

Por exemplo, uma laranja pode ter affordance de comida para alguém faminto ou de um projétil para quem está puto. Don Norman dá o exemplo de uma maçaneta. Para um adulto que tem experiência com o objeto sabe que a maçaneta serve para abrir uma porta. Já uma criança pode não ter a mesma experiência e affordance.

Tudo isso até é discutido no universo do Design, mas muitas vezes de forma rápida e superficial. Na Ciência Cognitiva existem diversas pesquisas que demonstram a importância de affordance e seu impacto direto na percepção das pessoas. E é isso que quero mostrar para vocês.

Pappas e Mack (2008) fizeram um experimento massa. Eles mostravam imagens de objetos bem rápidos para que não fossem percebidos de forma consciente. Então eles notaram que o principal affordance de cada objeto produzia um priming motor no cérebro. O que isso quer dizer? Que mostrar a imagem de martelo ativava as áreas do cérebro envolvidas no uso de um martelo. 

Em outro estudo, Wilf e colaboradores (2013) mostraram imagens de objetos manipuláveis e não manipuláveis. Os manipuláveis faziam as pessoas terem início mais rápido da atividade muscular. 

Barsalou (pesquisador que sou fã) foi mais fundo ao propor a teoria da simulação situada, na qual o sistema motor está envolvido quando compreendemos o significado de um conceito. Neste caso, os processos motores podem ser ativados apenas pela palavra (martelo) sem que o objeto em si esteja presente.  

Tudo isso é fascinante demais, né?!
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