O momento não está fácil para ninguém. Eleições polarizadas movem paixões, engajam emocionalmente e sequestram nossos pensamentos.

Mas eu cansei. Na última semana cheguei no meu limite mental. Uma estafa mesmo. Não aguentava mais ser bombardeado por conteúdos políticos.

Eu estava pensando em sair das redes sociais, quando comecei a analisar a situação. Eu uso bastante o Twitter como fonte de informação. Sigo muitos perfis de tecnologia, design, artes, neurociência, economia e outros assuntos.

E, de repente, tudo isso tinha sumido.

Fiz uma rápida pesquisa e identifiquei que a cada 100 posts, 71 eram conteúdos políticos. E muitos deles foram postados por pessoas que eu nem seguia.

Era o algoritmo da rede social agindo.

Mas antes de culpá-lo, precisamos discutir também um pouco do comportamento dos usuários.

Hoje, sabemos que conteúdo político traz um engajamento grande nas redes sociais. Isso mexe com as crenças, fundamentos morais e emoções das pessoas.

Eu mesmo percebi que quando posto algo político, principalmente se for críticas ao outro lado, o engajamento aumenta muito.

E o algoritmo é feito para maximizar o engajamento dos usuários. Por isso, ele aprende que entregar conteúdos políticos pode ser uma boa.

O uso deste conjunto de métrica pode até fazer sentido para o negócio, mas nem sempre faz bem para a sociedade.

Eu já estava pronto para sair das redes sociais até o fim do período eleitoral, mas então eu lembrei que o Twitter tem a opção do “feed cronológico”.

Para quem não sabe, esta funcionalidade ‘desliga’ todas as recomendações e mostra os conteúdos na ordem em que foram postados.

Resolvi fazer um teste e pimba.

Minha alegria voltou.

Comecei a receber meus conteúdos de design, tecnologia e ciência novamente.

Apareceu coisas de perfis que eu nem lembrava mais que seguia – ou que o algoritmo me fez esquecer.

Os algoritmos de recomendação agora controlam todo o fluxo informacional. E isso é sensível para a sociedade.

O algoritmo escolhe o que vamos ver, e a partir do nosso comportamento de acordo com que ele indicou, é que serão feitas as recomendações futuras.

É um ciclo guiado pela máquina.

Hoje, há um conjunto grande de pesquisas técnicas sobre sistemas de recomendações, mas precisamos também investigar o seu impacto no ser humano e na sociedade, discutir boas práticas e até mesmo possíveis regulações.

Não dá para entregar tudo para a máquina, senão ela pode esconder aquilo que nos faz feliz.

Disclaimer:
Tudo o que eu escrevi aqui é só uma reflexão a partir da minha experiência pessoal.

O lado bom é que nós inspirou a fazer alguns experimentos científicos para entendermos melhor tudo isso.

É algo que vamos precisar discutir num futuro bem próximo! 🙂