A emoção não é inimiga da decisão.

Se perguntarmos para 10 pessoas, aposto que maioria dirá que a emoção atrapalha a decisão.

Isso acontece porque ainda hoje parece existir um paradigma de que a razão deve guiar o comportamento enquanto a emoção prejudica o nosso melhor julgamento.

Mas não é bem assim que a coisa funciona.

Hoje sabemos cientificamente que as emoções são importantes para as decisões.

Seria muito difícil conseguirmos tomar decisão na ausência delas. Estaríamos preocupados em analisar uma quantidade quase infinita de possibilidades. É então que as emoções entram para influenciar e facilitar o processo.

Um dos trabalhos seminais que demonstrou isso foi o do neurologista Antonio Damásio. Em seu livro mais famoso, “O Erro de Descarte”, ele conta a história de Elliot, um paciente que passou por uma operação no cérebro para a remoção de um tumor. A cirurgia parecia ter sido um sucesso. Elliot conseguia andar, falar e se movimentar normalmente.

No entanto, aos poucos seus familiares notaram que ele não era mais o mesmo. Não demonstrava emoção e tinha muita dificuldade de tomar decisão. Foi até demitido por causa disso.

Parece então que emoção e racionalidade agem em conjunto, mas como isso ocorre? 

Evidências científicas atuais sugerem que as emoções agem no processo de seleção e avaliação das informações antes de serem processadas pela mente racional. E cada tipo emoção causa um efeito diferente.

Por exemplo, medo e nojo enfatizam certos tipos de dados sensoriais, memórias e crenças no pensamento que são diferentes de emoções positivas.

Eric J. Johnson e Amos Tversky mostraram que ao ativar o medo nas pessoas, elas tendem a inflar a possibilidade de que coisas ruins aconteçam.

Um estudo no Journal of Consumer mostrou que as pessoas prevêem melhor eventos futuros (ações, eleições etc.) quando confiam nos sentimentos.

Os autores dizem que isso acontece porque as emoções nos encorajam a acessar informações privilegiadas que adquirimos inconscientemente.

Agora sabemos que a emoção influencia a decisão. Mas isso é bom ou ruim?

Um trabalho de Myeong-Gu Seo e Lisa Feldman Barrett (2007) mostrou que os indivíduos que vivenciaram sentimentos mais intensos alcançaram maior desempenho na tomada de decisão. E quem conseguiu identificar suas emoções foi melhor.

Mas tudo depende do contexto e da intensidade da emoção. Há emoções que fortalecem e outras que enfraquecem.

É importante buscar uma regulação emocional. A “Reavaliação” é uma ótima estratégia para alcançar a flexibilidade emocional.

Mas isso é assunto para outro post.

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