Quando uma cadeira vira uma poltrona? Você já passou por isso, se não com uma cadeira, talvez com outra coisa. É comum pessoas discutirem se uma determinada cor é azul ou verde. Tudo isso está associado ao processo cognitivo de Categorização, uma atividade no estudo da Ciência Cognitiva.

Formar categorias é eficiente para organizarmos o conhecimento. Para entendermos isso, precisamos conhecer duas definições:

Categorias: objetos ou eventos agrupados como parecidos. Geralmente existem no mundo real.

Conceitos: são as representações mentais das categorias.

Por exemplo, você tem o conceito de vermelho na sua mente. Quando você aplica esse conceito em um espectro de luz para perceber uma flor no parque, você separa um trechinho do espectro e chama de vermelho. Uma instância da categoria vermelho. Você categorizou. Entendeu?

Outro exemplo. A gente tende a perceber o arco-íris como listras, mas na verdade ele é um espectro contínuo de luz. Isso acontece porque usamos os conceitos de cores que estão disponíveis na nossa mente para ir categorizando.

E diferentes pessoas vão ter conceitos distintos, dependendo da cultura e da língua. Por exemplo, os russos tendem a desenhar um arco-íris diferente do nosso por terem duas palavras para as tonalidades de azul.

Imagem com um arco-iris com duas tonalidades da cor azul

Aristóteles foi um dos primeiros a pensar sobre isso. Para ele, as categorias são definidas por critério de necessidade e suficiência. Uma lista de atributos definiria todos os membros da categoria. E todos os membros representaria a categoria muito bem.

Mas essa proposta tem problemas. Por exemplo, como definir as características necessárias e suficientes de um jogo? Ele tem que ser competitivo? Existem jogos colaborativos. Ele precisa de físico? Existem jogos mentais. Parece difícil existir uma lista que compreenda todas as definições.

Uma outra pesquisadora, Eleanor Rosch apresentou a abordagem de protótipo. Não existe uma lista. As categorias são difusas e se organizam em termos de itens mais familiares. Por exemplo, a categoria ave pode ter no seu centro um passarinho, mas dificilmente um pinguim.

Conhecer o processo de categorização é fundamental para muitas áreas, como Design, Publicidade, Marketing etc. Na área de anotação de dados de IA é essencial para entender quais classes do conjunto são mais difusas e a possível origem de vieses.

A Ciência Cognitiva é uma área fascinante, e se você quiser aprender mais sobre isso, aqui vai uma dica preciosa.

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Uma imagem de Diogo Cortiz ao lado do termo escrito Ciência Cognitiva