A mídia de tecnologia está falando muito sobre NFTs e Web3, seja bem ou mal. Ao lado de Metaverso formam a lista tríplice de palavras que prometem ser as tendências para os próximos anos. Mas o que é a Web3 e o que isso tem a ver com a Web que sempre usamos?
Para começar, a gente precisa entender que Internet e Web não são as mesmas coisas, apesar de muita gente achar que são. A Internet pode ser entendida como toda a parte de infraestrutura de conexão. São os cabos e protocolos que fazem os computadores se conectarem. E a Web?
A Web é um sistema de documentos em hipermídia. É o que utilizamos nos navegadores. Ela foi proposta por Tim-Berners Lee, que em 1989 trabalhava no CERN e teve a ideia de propor algo para conectar os documentos de pesquisa. É o que usamos hoje com os navegadores e links.
Uma curiosidade. Ele consolidou a sua proposta em um documento e o entregou a seu chefe, que retornou com um breve comentário: “Vago, mas interessante”.
Tim-Berners Lee não desistiu da sua ideia e continuou trabalhando no projeto. Nos anos seguintes, ele criou o primeiro servidor Web e um navegador. Era possível sair de um documento (página) para outro utilizando um link. Você ainda pode visitar a 1a web Page em http://info.cern.ch.
Foi assim que surgiram as primeiras páginas Web, começando no universo científico e invadindo, posteriormente, o mundo todo. Lembram das primeiras páginas Web dos jornais, bancos e universidades? Abaixo, por exemplo, está um print do site da PUC-SP em 1997.
Está. E a Web 2.0? Onde entra isso?
A Web 2.0 não foi uma tecnologia, mas uma mudança na forma de uso do ecossistema como um todo. Na primeira versão da Web proposta pelo Tim-Berners Lee, tudo era bastante estático, mas aos poucos começaram a surgir os sistemas Kiwis e as redes sociais. As pessoas deixaram de ser apenas consumidores para se tornarem produtores de conteúdos.
É assim que surge uma contradição na história da Web. Quando Tim-Berners Lee criou a Web, ele a projetou para ser aberta, gratuita e descentralizada. Ele não patenteou nem cobrou royalties. Mas o que aconteceu? As grandes empresas de tecnologia utilizaram a mesma tecnologia para criar ambientes centralizados. Facebook, Twitter, Instagram são apenas alguns exemplos.
Hoje vivemos a plataformização da Web. Os blogs pessoais que foram febres nos anos 2000, se transformaram em perfis nas redes sociais. Hoje as pessoas produzem majoritariamente conteúdos dentro destes espaços, que utilizam os dados pessoais para vender anúncios direcionados. A Web não é mais descentralizada.
E é então que surge a ideia da Web3?
Sim e não. É importante não confundir a Web3 com a Web 3.0. A última foi uma proposta do próprio Tim-Berners Lee para a construção de uma Web Semântica. Já Web3 é um termo mais recente, sem uma definição específica, para nomear a tendência de uso de blockchains no universo da Web. Como assim?
A ideia é juntar o melhor da Web original com os benefícios da Web 2.0. Os usuários poderão gerar conteúdo, mas de forma distribuída que serão armazenadas em blockchains, por meio de NFTs ou outros conceitos que surgirão. É devolver aos usuários o poder de controle seus conteúdos e dados.
Mas, calma lá. Existem muitas das promessas da Web3 que ainda precisam ser implementadas adequadamente. Só então poderemos saber o que realmente vai funcionar ou não. No entanto, não podemos deixar de acompanhar de perto esta transformação.
Se quiser entender melhor o que são NFTs tem meu vídeo no YouTube explicando tudo.